
José Sarney de Araújo Costa (Pinheiro, 24 de abril de 1930) é um político e escritor brasileiro. Foi presidente da República de 1985 a 1990.
Origem e formação
Nascido José Ribamar Ferreira de Araújo Costa no estado do Maranhão, filho de Sarney de Araújo Costa e de Kiola Ferreira de Araújo Costa.
Em 1965 adotou legalmente o nome de José Sarney de Araújo Costa, o qual já utilizava para fins eleitorais desde 1958, por ser conhecido como "Zé do Sarney", isto é, José filho de Sarney.[1]
Fez os estudos secundários no Colégio Marista e no Liceu Maranhense, cursando em seguida a Faculdade de Direito da atual Universidade Federal do Maranhão, pela qual se bacharelou em 1953. Por essa época ingressou na Academia Maranhense de Letras.
Segundo Mauricio Vaitsman, ao lado de Bandeira Tribuzzi, Luci Teixeira, Lago Burnet, José Bento, Ferreira Gullar e outros escritores, fez parte de um movimento literário difundido através da revista que lançou o pós-modernismo no Maranhão, A Ilha, da qual foi um dos fundadores.
Ingressou na vida pública na década de 1950. Foi deputado federal em 1955. É portanto o parlamentar mais antigo ainda em atividade no Congresso Nacional.
Ao longo de sua carreira política, foi diversas vezes deputado, senador pelo Maranhão entre 1971 e 1985, governador do Maranhão entre 1966 e 1971 e Presidente da República de 1985 a 1990. Já integrou a UDN, foi líder do governo Jânio Quadros na Câmara dos Deputados, foi presidente da ARENA e do PDS, e posteriormente filiou-se ao PMDB.
Na sua posse como governador do estado do Maranhão, em 1966, o cineasta Gláuber Rocha produziu um documentário que se tornou clássico, mesclando cenas da posse com cenas do povo maranhense.
Para a eleição presidencial de 1985, a Frente Liberal (dissidência do PDS) indicou-o para compor, como candidato a vice-presidente, a chapa da Aliança Democrática, encabeçada por Tancredo Neves[2].
Após deixar a presidência, em 1990, Sarney continuou sua trajetória política como senador, agora pelo estado do Amapá. De 1995 a 1997 e de 2003 a 2005 foi presidente do Senado Federal, cargo que é cumulativo com o de presidente do Congresso Nacional.
José Sarney é pai de Roseana Sarney, eleita governadora do Maranhão em 1994, de Sarney Filho, eleito deputado federal pelo Maranhão em 2002, e do empresário Fernando José Sarney. A família controla o conglomerado Sistema Mirante de Comunicações, dono de três retransmissoras de televisão (afiliadas à Rede Globo), seis emissoras de rádio e o jornal O Estado do Maranhão[3].
Sarney foi eleito vice-presidente da República na chapa de Tancredo Neves, por eleição indireta, superando a chapa do candidato Paulo Maluf. Assumiu a presidência, como vice-presidente, em 15 de março de 1985, diante do adoecimento de Tancredo Neves. Com o falecimento de Tancredo em 21 de abril, tornou-se o titular do cargo de presidente da República.
Sua posse foi tensa pois havia dúvidas constitucionais sobre se era Sarney ou o presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, quem deveria assumir a presidência da República. Foi decisivo para sua posse o apoio do general Leônidas Pires Gonçalves indicado por Tancredo Neves para Ministro do exército que apoiou a posse de Sarney.
Seu mandato caracterizou-se pela consolidação da democracia brasileira, mas também por uma grave crise econômica, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e moratória.
A par de sua carreira política, José Sarney é autor de contos, crônicas, ensaios e de três romances: O dono do mar, Saraminda e A Duquesa vale uma missa. Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1980, ocupando a cadeira de número 38, cujo patrono é Tobias Barreto
Obras do autor
Incluem-se entre as principais obras do autor José Sarney:
- A pesca do curral (ensaio), 1953
- A canção inicial (poesia), 1954
- Norte das águas (contos), 1969
- Maribondos de fogo (poesia), 1978
- O parlamento nacessário, 1982 (discursos, 2 volumes)
- Falas de bem-querer, 1983 (discursos)
- Dez contos escolhidos, 1985
- Brejal dos Guajas e outras histórias, 1985
- A palavra do presidente, 1985-1990 (discursos, 6 volumes)
- Sexta-feira, Folha, 1994 (crônica)
- O dono do mar (romance), 1995
- Amapá, a Terra onde o Brasil começa, 1998 (história)
- A onda liberal na hora da verdade, 1999 (crônica)
- Saraminda (romance), 2000
- Saudades mortas (poesia), 2002
- Canto de página, 2002 (crônica)
- Crônicas do Brasil contemporâneo, 2004, 2 volumes
- Tempo de pacotilha, 2004
- 20 anos de democracia, 2005 (discursos, 2 volumes)
- 20 anos do Plano Cruzado, 2006 (discursos)
- Semana sim, outra também, 2006 (crônica)
- A duquesa vale uma missa (romance), 2007
Academia Brasileira de Letras
Eleito em 17 de julho de 1980, na sucessão de José Américo de Almeida na cadeira de número 38, é recebido em 6 de novembro de 1980 pelo acadêmico Josué Montello. Recebeu os acadêmicos Marcos Vinicios Vilaça e Affonso Arinos de Mello Franco. Dos atuais integrantes da Academia Brasileira de Letras, José Sarney é o membro mais antigo.
José Sarney é também, desde 1985, acadêmico correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Referências
- ↑ O prenome do pai, Sarney, foi tirado pelo avô de uma edição de 1901 do Almanaque Bristol: fonte: Gutemberg, Luiz, 2001, "Revista da História: José Sarney Democrata Humanista", pg. 21.
- ↑ Gutemberg, Luiz, 2001, "Revista da História: José Sarney Democrata Humanista", pp. 116-117.
- ↑ De antena ligada - NEMP-UnB
- ↑ Editorial sítio Desemprego Zero
- ↑ Deputado Chico Alencar, discurso proferido na Câmara dos Deputados em 16 de março de 2005, durante a sessão de homenagem aos 20 anos do retorno à democracia.
- ↑ Senadores Pedro Simon, Marco Maciel, Arthur Virgílio, discursos proferidos no Senado Federal em 15 de março de 2005, durante a sessão de homenagem aos 20 anos do retorno à democracia.
- ↑ Seminário "Olhares sobre 1985, Vinte Anos de Redemocratização do Brasil: Debate entre estadistas", Jornal do Brasil, discursos de Julio Sanguinetti e Raúl Alfonsín, em 9 de maio de 2005.
- ↑ 20% contra 5% da concorrente mais próxima, em 20 de agosto de 2006 (fonte).
- ↑ Fonte: TSE.
- FASSY, Amaury, De Castelo a Sarney, Editora Thesaurus, 1987.
- NOBLAT, Ricardo, Céu dos Favoritos o Brasil de Sarney a Collor, Editora Rio Fundo, 1990.
- OLIVEIRA, Raymundo, De Jango a Sarney, 1986.
- OLIVEIRA, Bastos, Sarney: O Outro Lado da História, Editora Nova Fronteira.
- PINHEIRO, Luiz Adolfo, A República dos Golpes - de Jânio a Sarney, Editora Best Seller, 1993.
- PINTO, Celi Regina Jardim, Com a Palavra o Senhor Presidente José Sarney, Editora Hucitec, 1989.
- RODRIGUES, Newton, Brasil - Provisório - de Jânio a Sarney, Editora Guanabara, 1986.
- SARNEY, José, Palavras do Presidente José Sarney, Vol. I, Editora Gráfica Brasiliana, Brasília, 1985.
- SARNEY, José, Sexta-feira na Folha, Editora Siciliano , 1994.
- SARNEY, José, A onda liberal na hora da verdade, Editora Siciliano, 1999.
- VELLOSO, João Paulo dos Reis, O Último Trem para Paris - de Getúlio a Sarney, Editora Nova Fronteira, 1986.
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